A MAGIA DO FUTEBOL
Era domingo de sol. No lindo corpo dourado da carioca canção havia uma áurea que se refletihos dos banhistas, a maioria jovens estudantes, que sentiam o gosto de mel, naquele dia ensolarado da zona sul.
Do outro lado, no subúrbio carioca, o abnegado torcedor vestia a surrada camisa do Flamengo, dava um beijo no escudo junto ao peito; era dia de jogo no Maracanã. Sua esposa o alertou dos riscos nos grandes jogos. Mestre Agripino, serelepe, esguio e teimoso, fez o sinal da cruz e pegou seu lotação em Madureira rumo ao Mário Filho, como nos bons tempos. Sua alegria sempre foi o futebol que lhe trazia o refrigério da infância e da juventude. Desde menino adorava jogar bola, tinha grande domínio da esfera, era o rei das peladas. Sonhou ser jogador profissional, mas não teve sorte nem padrinhos e não tinha paciência para a maratona dos testes. O destino reservou ao mestre Agripino o ministério de erguer prédios. O cimento e o concreto preencheram seus dias e o sonho de jogador se desfez, porém nunca esqueceu o futebol.
Pai de vários filhos e um punhado de netos. Gastou seus dias no trabalho pesado da construção civil. Mestre de obra que à custa de muito sacrifício ganhou seu minguado salário e agora se contentava com uma franciscana aposentadoria.
Nas alturas das construções, nos rápidos intervalos do trabalho, emocionava-se ao ver a brancura das praias e amava o azul tão intenso do grandioso mar. A engenharia se misturava harmoniosamente com os morros e ele se confortava com aquele paraíso na terra, sentindo-se livre como um pássaro, e isto o ajudava a enfrentar as asperezas do dia-a-dia.
Sabia tudo sobre o mundo da bola, escalava times e seleções com grande precisão. Apresentava estratégias e táticas de jogo, melhor do que muitos técnicos. Seu conhecimento de futebol era respeitado nas rodinhas de bar. Mas sempre reverenciou os grandes técnicos do passado, como Gentil Cardoso, Zezé Moreira, Telê Santana e Gradin. Nas horas de deleite repassava seu álbum de recortes de jornais e revivia os grandes lances do futebol arte. As grandes jogadas de pura criatividade que hoje não se vêem mais.
Ao tomar o lotação, naquele domingo de futebol, mestre Agripino, por direito, sentou-se comodamente na poltrona. A brisa que vinha da janela, o ronco do motor e a algazarra dos passageiros o levaram ao momento de grande transe e aí começou a sonhar: O céu era azul de brigadeiro, o maior espetáculo ia começar, estrondos de foguetes, o templo do futebol lotado com mais de 170 mil torcedores. No gramado a bola ia rolar como em uma mesa de snooker. O sol começava a se encobrir na marquise do Estádio. Os radinhos de pilha ecoavam o som da Rádio Globo nas vozes de Valdir Amaral e Jorge Curi. E começa o grande espetáculo: - Garrincha dribla toda a defesa, fazendo fila indiana, dá um passe açucarado para Ademir de Menezes, que esnobando entrega a pelota de calcanhar para Heleno de Freitas, este recua a bola para o rei Pelé, em nova investida em vertical deixa a bola para o galinho Zico que penteia a esfera e a lança para Gerson. O Canhotinha de Ouro, com sua magia de lançador, também não quis fazer o gol na meta defendida pelo grande Barbosa, fazendo um lançamento transversal de
1 Comentários:
Isso mostra realmente a realidade do mundo em que vivemos!!Muitos tem seus sonhos,mas nem todos conseguem realizar.Fiquei muito emocionada!!
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