sexta-feira, 14 de janeiro de 2011


O sol escaldante -VI

O grito forte vem do norte
de quem vive pela sorte,
um choro forte de homem valente.

Somos o pouco da seca
que nos colocou no mundo
sem uma patente.
Somos o pouco da raça
que esse chão
nos fez crescer.

Vivemos da sorte
que a cada dia
nos faz mais forte
sem temer o amanhã.

Nesses chão vencemos a
moedinha do arrependimento
dos políticos calhordas,
somos um nesse sofrimento
solidário não acreditamos
na promessa centenária
da Política Agrícola e da
Reforma Agrária.

As meninas do sol abrasador
não tem bonecas...
não brincam de flores.

Olham o horizonte
e lágrimas caem...

A tarde é sem encantos
suas vidas são vazias.
Na escola falta merenda,
falta carinho e o calor
escaldante corrói seus sonhos.

Na estrada pó, seus tristes males.
Caminham, caminha, caminham
léguas para chegar em seus lares.

As casinhas de barro a minguam
de água que mal sacia a sede...
As meninas de olhos amedrontados
não sonham com o amanhã.

Vão buscar nos rios...
têm a sina de apenas viver.
Seus dias são iguais:
- A impiedosa repetição do destino

Queriam tanto ter carinho
desses comprados pra brincar
no quintal de suas casas.

A vontade era ter uma boneca
dessas de verdade e não
essas da sua invenções.

Ter um vestido
todo rendado de cor
azul e sapatos dourados.

Uma bola pra jogar no quintal!
Seria o maior presente de natal.

Bom mesmo seria a dança, que
nunca mais parasse de dançar e se
consumir aos som da sanfona e do forro.

O sol forte em suas cabeças
provocam esses sonhos absurdos!

Amanhã farão uma bola
de meia e vão brincar
depois do sisal.

A mistura da poeira e
do vento formam uma
miragem que rodopiam
no ar e convidam as crianças
para subir pertinho do céu.

Suas mãos são calos só,
grossas de trabalho pesado,
mas o maior peso é a dor
que apertam seus corações
nesse mundo esquisito que
não podem compreender.

Queriam ser pelo menos
as flores do campo que encantam
quem passa por essas bandas.

Ser um passarinho que
pode voar pra todo o canto
e fugir do trabalho pesado.

Que bom se fossem um rio
que não secasse e nele iguais
aos peixes nadando livres,
sem essa obrigação de todo dia.

Fossem árvores de Juazeiro com
o verde da alegria fugindo da seca
que judia o corpo inteiro.

Um dia fugirão desse lugar nem
que for no pensamento!

Vão caminhando nesse sertão sem fim:
Para curar os seus espantos.
-Tragam um ramo de alecrim!

Olhai por elas: Todo Poderoso!
Pelas crianças que sofrem no sertão
e pelos meninos abandonados
nas ruas das grandes cidades.






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