AMOR DE SEGUNDA MÃO
mas o gás carbono que
sai da máquina
mortífera
automotor
Não se respira
a flor perfumada,
mas o desgosto
dos soterrados
nas enchentes
Não se respira
à sombra da árvore,
mas o sol causticante
das vias públicas sisudas
Não se respira
mais a amizade,
mas o vil metal
das casas bancárias
cheirando a mofo
Não se respira a vida,
mas a morte antes da morte
Não se respira o amor
na acepção da palavra,
mas aquele amorzinho
comercial sem vergonha
que a água-boricada
faz a assepsia
Não se respira
aspira-se dejetos
meu Deus!
Autor: Roberto de Araújo
1 Comentários:
Maravilhoso!!!!
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