quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

AMOR DE SEGUNDA MÃO



Não se respira poesia,
mas o gás carbono que
sai da máquina
mortífera
automotor

Não se respira
a flor perfumada,
mas o desgosto
dos soterrados
nas enchentes

Não se respira
à sombra da árvore,
mas o sol causticante
das vias públicas sisudas

Não se respira
mais a amizade,
mas o vil metal
das casas bancárias
cheirando a mofo

Não se respira a vida,
mas a morte antes da morte

Não se respira o amor
na acepção da palavra,
mas aquele amorzinho
comercial sem vergonha
que a água-boricada
faz a assepsia

Não se respira
aspira-se dejetos
meu Deus!


Autor: Roberto de Araújo

1 Comentários:

Blogger Ana Paula Lima disse...

Maravilhoso!!!!

26 de janeiro de 2011 às 09:18  

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