domingo, 26 de dezembro de 2010

A PASSAGEM



A solidão do morto
nos impressiona e
ali nos depositamos!

Solitariamente morto,
a vida terrena perdeu
todos os encantos e ilusões
naquele velório da pacificação!

Havia alegrias, vontades,
esperanças, perseveranças
por dias melhores. Vive-se de
eternidade morre-se de acaso!

Ali está! Imóvel e frio,
poucos ou nenhum amigos.
Viveu a batalha sobre a terra,
agora se entrega a ela sem preço,
em sua derradeira moradia!

Passou humilhações, privações,
sol, frio, mas tinha um sorriso de
esperança, de belas histórias,
de sorte no casamento e progresso,
todos os excessos de pia e agora nada!

Alguns poucos assistem
o golpe final daquele corpo,
o deslocamento à sepultura.
Com ele e através dele tudo
desaparece com a brancura
da incompreensão humana!

A sua última cena
seu último estágio.
Nada leva consigo e
quase nada amealhou
nesse mundo do sol!

Morre sem mídia e sem alarde,
igual ao nascimento, que se cruzam
na linha reta do desaparecimento!

O cultivo sobre a terra,
depois ela nos cultiva
em todos os lugares,
porque não há lugares,
há disposição de homens
sobre a terra no começo
e no fim sempre impiedoso!

Só os anjos nos esperam
para o outro plano sem plano,
para justificar esse passado
sem passado!...


Autor: Roberto de Araújo

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