A GRANDE RIO
batida remontava
a meninice
Havia um tamborim
que desfazia o
passar das horas
Havia um pandeiro
que as mulatas frenéticas
com nádegas d'ouro
arrematavam a orquestra
Não havia carência
tudo era sem preço
O esplendor da
festa preenchia a rua
o bairro a cidade o País
Precisavam de tão pouco
mas os olhos da burguesia
impregnou o mercantilismo
A pureza deu lugar
ao grande negócio
Da separação
a falsa união
do carnaval
No império do samba
a espetaculosidade
da socialaite
Lá está o pó do modernismo
o incêndio cruel do amontoado
da metrópole quinquilharia
O menino alheio a tudo
tira um samba na caixa
de fósforo como se
nada acontecera
Esse samba não
precisa de alegoria
apenas alegria
das grandes
pequenas
fantasias
Como o índio
antes dos brancos
como o céu
antes da terra
como o eterno
antes do terreno
Autor: Roberto de Araújo
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