domingo, 13 de fevereiro de 2011

A GRANDE RIO



Havia um surdo sua
batida remontava
a meninice

Havia um tamborim
que desfazia o
passar das horas

Havia um pandeiro
que as mulatas frenéticas
com nádegas d'ouro
arrematavam a orquestra

Não havia carência
tudo era sem preço

O esplendor da
festa preenchia a rua
o bairro a cidade o País

Precisavam de tão pouco
mas os olhos da burguesia
impregnou o mercantilismo

A pureza deu lugar
ao grande negócio

Da separação
a falsa união
do carnaval

No império do samba
a espetaculosidade
da socialaite

Lá está o pó do modernismo
o incêndio cruel do amontoado
da metrópole quinquilharia

O menino alheio a tudo
tira um samba na caixa
de fósforo como se
nada acontecera

Esse samba não
precisa de alegoria
apenas alegria
das grandes
pequenas
fantasias

Como o índio
antes dos brancos
como o céu
antes da terra
como o eterno
antes do terreno


Autor: Roberto de Araújo

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