A CRIANÇA ADULTA
cor de mel revestem-me
de eternidade!
A moça dos olhos de
cobiça busca meu
coração tão amargurado!
Amado eu sou
a beleza entranhou
no meu pequenino ser!
O tempo não tem vez
de me dar ordens
burocráticas sifilíticas
de caminhar sisudo!
Sou manteúdo do
amor cor de rosa!
Não me venha com
sermões de gravata
tenho um rio de
recomendações que
me afogaram minhas
emoções e bastam!
Eu quero como criança
dormir nos seus seios
beber da sua boca louca
e amar nessa loucura
toda que só faz bem aos
neurônios cansados da
pré-determinação do
corpo sem nudez
aniquilado por
uma grande palidez!
A alegria sem preço
brota do seu corpo
sedento que me convida
a ser feliz como criança
sem endereço com
domicílio universal
Autor: Roberto de Araújo
3 Comentários:
Olá Roberto,
Lindo poema. Todo adulto sonha e insiste em ser uma criança travessa e apaixonante, principalmentte no amor. Parabéns.
Que legal!!! Poema bonito, bem feito, linguagem adequada e interessante!
Achei ótimo esses versos
"Não me venha com sermões de gravata,
tenho um rio de recomendações
que afogaram minhas emoções,
e bastam."
Reporto-me ao mito do Rei Pescador, quando o
jovem saiu à procura de seu pai. Sua máe teceu-lhe uma túnica, ajeitou tudo e fez-lhe
uma série de recomendações,
as quais foram a causa de suas dificuldades
no caminho.
Trouxe à lembrança, também, o professor Hermógenes, em seu livro Yoga para Nervosos,
capítulo da Dança, quando ele se refere ao
"camisoláo da respeitabilidade",
que engessa, endurece, concreta as emoções
e a espontaneidade e maravilhamento.
Gostei de seu poema. Amoroso, lança-se, sem receio de estar vulnerável à ternura
demasiada que o envolve.
Parabéns.
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