sábado, 27 de agosto de 2011

O LEITE DERRAMADO

Uma flor encontrada
na poeira da estrada,
com muito jeito e amor
puro do peito foi apanhada
com todo zelo e sem nenhum
apelo logo encontrou sua dona,
que com alegria infantil a colocou
entre os seus cabelos e ela revigorou
toda a cumplicidade daquelas vidas!

Contamos casos de amor
trocamos juras sem fim
e a flor sempre viçosa
parecia ter vindo do paraíso!

Canções brotaram
amores derramaram
histórias se cruzaram,
o mundo parou e a
felicidade mostrou
sua face verdadeira!

Momentos inesquecíveis
a dois, mas a vida lá fora
ficou com inveja e derramou
desilusão,decepção fez mandinga,
criou terror e o amor foi
parar na lata do lixo!

Uma história encerrada,
um leite derramado e o
fim trágico daquilo que
se acreditava verdadeiro,
morreu o amor sem velório,
sem enterro ficou no ar
ou no chão a inscrição:
Aqui jaz o mais puro Amor!


Autor: Roberto de Araújo

domingo, 21 de agosto de 2011

AMOR PERDIGUEIRO


O amor tem a fidelidade de um cão,
nada exige do seu dono, com ele
atravessa frio, calor escaldante
choro de necessidades
mas não arreda pé!

Faz festa até com terceiros
abana o rabo com fulano,
aceita cafuné de sicrano,
mas quando chega a ânsia fatal
do desespero de estar só lá
vem o cãozinho suplicar o amor
porque esse ninguém o substitui!

O cheiro do dono a carícia
do seu companheiro fiel!

O amor é assim puro, amoroso,
conivente, igual ao companheiro
do cão e ele chora e ele grita,
mas só o dono apascenta esse amor!


Autor: Roberto de Araújo






quinta-feira, 4 de agosto de 2011

BUSCAPÉ


no meio da estrada repenso
no meio do meio trepenso
no meio da escada tropeço
e me calo
com o calo no peito
com o calo no pé
com o sonho no bolso
no descaminho do pé
mas rescende poesia

de metáfora ambulante
segue meu cavalo

queria apenas erigir uma rosa...
mas inútil
a paixão pelo céu azul

vou-me embrenhando nesta mata sem fim
não sei onde vou chegar
pelo menos que o canto
não perca o momento
da rosa límpida
que agora vejo
no jardim


Autor: Roberto de Araújo

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

BENDITA ILUSÃO










As portas estão abertas
com todas as regalias,
tapete verde, azul,
amarelo ouro e vermelho!

Entra em todos os meus
orifícios e malefícios
da minha pessoa!

Você é o remédio, a morfina
a clemência, o doce que
passa pelos olhos da criança!

Sem você não adianta ir
para Minas escutar o riacho,
ver os montes, as flores
ficam murchas e perdem
seus viços e suas cores!

Sua majestade sente-se
nesse trono ou no meu
colo mesmo. Uma ilusão
em troca de mil pesos
de ouro. Sem você não
existo.Sua excelência
supremo bem da ficção!

E todas as ficções reais,
irreais, tudo a mesma
coisa ou coisa alguma,
pega nos braços da
ilusão e vamos dar as
mãos pelo mundo e rodar
como a dança da cirandinha!

Sem você ilusão a vida
tem gosto de sabão
ou do cocrante isopor!


Autor: Roberto de Araújo