domingo, 31 de outubro de 2010

DESCONSTRUÇÃO DA NORMALIDADE



a poesia se desmancha
no deserto da selva de
cimento, competição, dor,
horror, sobevivência vil!

precisa-se de tudo
não se precisa de nada...
a civilização segue
sem rumos de infinito.

sobreviver apenas sobreviver
eis o lema da estupefata
avalanche de gente residente
no planeta contaminado
pelo sistema frio calculista
em usurpar o semelhante!

onde recomeçar e buscar
a felicidade que precisamos?


Autor: Roberto de Araújo

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O ITINERÁRIO DA CRUZ



Os meninos excluidos
em cima da laje olham
o céu acompanhando
aos voos dos urubus.

Incluem-se na frustação,
na perseguição sem perdão,
na boca carente, no estomago
serpente, na gula demente.

Procuram razões nessas
desconstruções de
caixotes e barracões.

Querem o nectar da
vida pra lhes amenizar
as feridas na alma, no
corpo cheio de brotoejas.

O lixão é o resto do resto
da humanidade porca,
que patrocina a desgraça,
mas por pirraça seus olhos
lhes condena por tanta covardia.

Só no céu além desse céu há
um nectar: a poesia sem nome,
que alimenta a alma desses
meninos sujos e encardidos,
a beleza que solta de dentro.

No Hip Hop, no Funk o protesto
velado contra a canalhice imunda
que os deixam nus, pelados na
cruz nesse Reppin de suplica e cimento!


Autor: Roberto de Araujo

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O GALO DE COPACABANA



Os trogloditas do asfalto
não suportam o canto
do galo de copacabana!

Mas não é o canto é
a máquina desumana
que atropela todos os dias.

Não é o canto é o horror
do cotidiano é a bala perdida
é o lotação insuportável!...

Não é o canto do galo
é o canto da sirene
que avisa "pega ladrão".

O galo com toda sua plumagem
de passista de escola de samba
quer apenas agradar com
seu canto, mas para quem?


Autor: Roberto de Araújo

domingo, 24 de outubro de 2010

NÓS OUTROS

A gravidade...
todos somos chão!...

O tempo nos castiga,
não há felicidade nem
fidelidade plenas!...

Amenas são as águas,
o ar que se respira.

Estamos insatisfeitos
como modelos humanos.

O pano do teatro cai
e como nômades sem
dono procuramos abrigo.

No desabrigo estamos
nós, não há teto para
a busca do eterno humor.

Não há verdade que
redima toda insatisfação,
eu quero ser você, você
quer ser eu, ironia da
existência cruel!

Precisa-se de um lugar de uma
explicação e somos iguais nessa
terrível definição do ser!...

Ser por que? Para que?
Essa é a grande passagem!...
Todos grudados na terra
que inventou a gravidade,
o pó, o passar que muito dói,
para um dia nos encontrarmos
no lugar sem tempo, no sorriso
infinito, que a inteligência não penetrou.


Autor: Roberto de Araújo

sábado, 23 de outubro de 2010

UM FIO DE ESPERANÇA

(Foto por Sebastião Salgado)


Quando o sol desponta anula
qualquer cansaço. Da caminhada
que era um fardo brota a vontade
de beijar o mundo!...

Todas as crenças se levantam
para aplaudir sua incomparável
beleza que enfeita nosso lar,
nosso chão, nossa morada.

No plano superior está
esse relógio de Voltaire
de tamanha precisão...
Caminhar...caminhar
em busca de estrelas!


Autor: Roberto de Araújo

domingo, 17 de outubro de 2010

PRETA E O POETA




Preta homenageia poeta,
poeta agradece Maria...
da noite esplendorosa de BH.

Existe uma meneirice
nesse amor irmão,
nesse jeito que ressoa no
peito e quase todo mundo vê.

A casa é sua e o coração
também, não têm endereços
não têm tamanho, têm apreços!...

O mundo de Minas tem todo
o jeito de dizer: Você fez ninho
em nossa morada, nossa idolatrada
Preta das noites fretenéticas, não
peças licença Minas lhe adotou pra
dizer do canto da liberdade, que
repercute nas montanhas das Gerais.
Venha cada vez mais nos alegrar!


Autor: Roberto de Araújo

A MUSA DO VASCO - A Juliana Sartório




Seus olhos verdes gata
apascentam os desejos
dos vascainos que se
desmancham nesse
lindo olhar de primavera.

A quimera desse mundo
não é fácil não é difícil
depende do olhar projetado!

Não quero a solidão da descrença
nem o desamor do falso amor.
Quero a beleza flor incondicional
da pele travestida de animal
um vendaval de paixões!

Seu encanto perpassa pela natureza
e assistimos a beleza monumento!

O tempo pára pra reverenciar
o templo da poesia que apenas
pede a beleza e amor do
verso solto no espaço!...


Autor: Roberto de Araújo

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A CRIANÇA QUE ME DEI



Fizemos todas as viagens...
o imaginário vence a razão.

Estradas floridas, cor infantil
tinha sabor de coisas mil.

A árvore comunicava com
o mundo, o avião do quintal
voava até ao espaço sideral.

A bicicleta era o carro
mais potente e a gente
cresce e fecha-se em copas...
Cadê as viagens e o sorriso?

Fica no fundo da mochila
os ricos presentes infantis,
ficamos pobres daqueles
tempos e conformamos
com o trator que nos
esmaga todos os dias!


Autor: Roberto de Araújo





PÓS-POEMA






Ondas... que transmite
o vermelho escarlate...
Eis a meta do inconsciente
conquista do tempo-espaço!

Joga-se tudo no plano magnético...
E o esperma, a inteligência, a produção?

Inventa-se a invenção da invenção,
mas há uma ânsia incontrolável no ar,
a mais antiga luz que nos habita, o
idolatrado bem, a pedra preciosa,
que o universo se rende a vibração
milenar chamada AMOR!


Autor: Roberto de Araùjo







domingo, 10 de outubro de 2010

CLARA NOITE PRETA




Nessa noite preta
liberdade, amor sem pudor...
No peito o jeito da menina
aspirina alegria e emoção.

Marias negras sementes,
noites de estrelas quentes,
brilham como mãe África,
recebe seu filho de além mar,
ameniza a dor, a tristeza e terror.

Luz Preta Maria de todas as crias,
mania de menina de colo, somos
todos nós, que recorremos a vós!

Momento de prazer e
alegria Maria deixa galera
no frison de uma quimera.

Venha seu amor livre
de qualquer temor.
Bebemos seu encanto
nessa noite de estrelas
mil no embalo de Preta Gil.


Autor: Roberto de Araújo
@RAraujo_poeta
Pai do @thiagoLife






A CIDADE DO SOL



É uma cidade diferente
da idade da liberdade.

Não é pequena
não é grande
é o fundo do
nosso quintal.

Só vivia de ideal,
futebol, arte, brincadeiras,
sonhos é o que mais tinha.

Não se preocupava com
coisas materiais, imemoriais
as pessoas que compunham
aquele lugar de amar,
de companheirismo, não
era convencional como outras.

Dali viajamos pelo conhecimento
escolar do japão a Madagascar.

Havia sarau, namoro no
banco da avenida, muito som,
muito riso e até carnaval.

O futebol era o maior
acontecimento, grandes
craques, mas ficaram na
simplicidade de amadores,
oh! que dores! Que judiação.

Mas pra compensar
alguém os representou
no mais alto escalão da bola,
o jornalista Milton Neves
que na Band Mania traz
a alegria das noites esportivas,
como se tivesse em Muzambinho
no papo do botequim da esquina.

Esse Muzambinho-MG sem fim,
está guardado no tempo, em nós,
no velho desejo de sonhar com
o impossível possível, essa coisa
de ser poeta ou jogador de futebol,
não há barreiras que impeçam!

Deus lhe pague por esse sol
que nos faz diferentes iguais,
sem medo das adversidades
que driblamos com "passe de letra".


Autor: Roberto de Araújo

sábado, 9 de outubro de 2010

DESNUD(A)MANTE


No prazer não há dor,
nem desamor só frescor.

O amor como brisa,
por um instante faz
sentir o sabor de
morango dos lábios
carnudos da mulher
pantera fera...
arranha meu coração:
Essa paixão insaciável!

Somos dois nesse
desejo incontrolável
somos um nessa
mistura pura de amar.

Por que me disseram
ser pecado esse amor
quando apenas prazer?

Autor: Roberto de Araújo






sexta-feira, 8 de outubro de 2010

RENASCER NA PRIMAVERA


Visto-me de primavera
e recebo flores de esperança.

Lavo minh'alma para
brindar o cálice do prazer.

A blisa amena que rima
com a beleza e a nobreza
da comunhão de muitas eras.

Renovo-me na dança da chuva
que me inunda de ternura a sonora
pingadeira, na esteira vespertina.
Tum...tum.... tum....
Chove no meu coração!

Os sonhos das cores preenchem
o vazio do meu frágil ser!

Agarro com todas as forças
essa primeira primavera,
pra dizer: Vale a pena viver!


Autor: Roberto da Araújo

sábado, 2 de outubro de 2010

O QUADRO DE PINTURA


A Thiago da Costa Araújo

Sentado sozinho
na sala familiar vejo
fotos que se dialogam.
Miro meus olhos no
quadro de pintura
entronizado na parede que
me incita a compreender
por ele e além dele o fulgor
que chega estabelecendo
a paz de estar comigo mesmo.

As cores em forma
de lanças multiformes
acenam que a energia
é para o alto, em busca da luz,
do sol, da lua e do amor,
não há outra lógica.

Como me toca esse quadro,
que protesta contra a parede
fria de tonalidade areia e
contra a passividade humana!

Nele todos os desejos
confessáveis ou inconfessáveis
se calam ou nele trafegam
preenchendo toda a minha gula!

Há nele o arcabouço das paixões,
das ilusões que se perfumam pra
dizer:Navegue não pergunte o Porto.
Grite surdamente: A vida é só isso
ou amontoados de issos, inda que
o mundo esteja aos meu pés
ou em cima da minha cabeça!
Preciso dizer obrigado meu filho
pela autoria do quadro multiforme!


Autor: Roberto de Araújo.