terça-feira, 31 de agosto de 2010

VERSOS QUEBRADOS

a Fernando Pessoa



Formas alvas além mar, além sonhos
que viajam em nossas idéias
são formas frágeis de existir ou não.

Sobre a mesa branca
o livro alvo de Pessoa
quantas metas nos apregoa...
o poeta onipresente semente !

é um ser que vagueia
ao vento da contradição humana.
Nasce e tudo nos acompanha,
a vida, formas puras e impuras,
ao reverso outra forma nos procura...

busca-se o branco em tudo
mas a escura limitação do ser
nos tira asas,
com que o alvo
nos convida a voar.



Autor: Roberto de Araújo

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

PARALELAS




mergulho no ontem
ao som dos sinos da matriz

nas seresteiras madrugadas
nos sonhos pueris e estudantis
no sangue da população
no sorriso do bêbado
sempre me transfundi

em marcha ré
retorno ao apito do trem

minha mãe embala-me
ao ritmo da locomotiva

na távola o trem fantasma
viajava penetrando em meu corpo
e na realidade da Maria-fumaça
ressurge o País imaginário
do projeto que descarrilou


Autor: Roberto de Araujo

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

FONTE INESGOTÁVEL


Oh ! linda velhinha
Que ouvia "Maringa"
esquentava meu leito
com amor puro do peito

Só sentia no meu sentimento
sorria nos meus lábios
esperançava na minha esperança

A Lâmina da saudade
me retalha inteiro.


Autor: Roberto de Araújo

domingo, 22 de agosto de 2010

RELATIVIDADE DO SER



Ser sempre o que somos,
há uma vaga antimatéria
entre o ser e os átomos
que adotamos ser!...

Ser essa coisa que repositamos
energia e beleza estética que
aprendemos dos antepassados!...

Sermos do avesso que deparamos,
pela forma mais confortável, seguir
o rito da suposta matéria delével!...

Não há papel nem escrita nem rumos,
há uma crise de existência no ar,
que não se volta mais ao antigo!...

Não há caminho porque a vida
não é caminho ela é descaminho, tentativa
de aprisionar o destino que inventamos!...

Há uma relatividade entre os corpos
que gravitam pelo impulso do visionário,
há uma luz que criamos e buscamos durante
toda a vida pra justificar a própria existência!


Roberto de Araújo
Autor

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

BAIXEM A MÚSICA "HIP HOP MARGINALIZADOS" DE MINHA COMPOSIÇÃO.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A CRÔNICA DO JORNAL HOJE DE 11.08.10



Jogado a sorte desse capitalismo
cruel 3 menores, meninos mesmos,
que a vida lhes reservou apenas o fel,
numa vida de cão, a mãe meliante
por destino, obriga os pobres meninos
a roubar pra sobreviver nessa vida bandida!

A polícia ouviu as crianças levando-as
para Casa de Menores, porque
evidentemente elas não têm casa,
têm uma vida madastra, uma mãe louca,
talvez de fome de nojo da vida de tudo talvez.

Essas crianças nunca serão crianças...
Por mais que os plantonistas do sistema
apregoam que há chances de reverter!


Autor: Roberto de Araújo

sábado, 7 de agosto de 2010

A CONSTRUÇÃO DE VIVER





Quando lhe vejo oh sol...

Oh mulher oh amor!


Chega-me a energia da

alegria da flor desabrochando
sem medo, nesse simbolismo

da paixão a toda prova
que se renova em mim!


O mundo não pode ser só dor,
Olha o frescor da conversa comunitária,
dos encontros inesperados de amantes,
amados, o frenesi dos corpos que se dão.

Venham ver... lá fora brilha a felicidade,
Não pode haver só maldade... Não!
Esse não é o destino dos humanos!

A cortina se abre e nós entregamos ao porvir
ao sorrir e nosso coração pede mais vida.

Viver é apenas um ato de liberalidade
do nosso corpo, da nossa alma,
não é outra coisa, a qual procuramos
e sempre deparamos com o nada...

O coração está suplicando:
Vida é soma não é diminuição!...


Autor: Roberto de Araujo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O IMAGINÁRIO DO REAL



O sol aquece a cada
partícula do meu ser...

A visão é gostosamente curta,
mistura de sol, mar, praia e o
o vento atrás dos coqueiros...
Esqueço de mim!

Longe, imaginariamente longe
das batalhas modernas,
que continuam velhas:
Asco!...

Meio gente meio pedra,
meio tudo envolto a real natureza...
Quanto custa esse momento?
Bom negócio que não tem preço.

A luz vem do meu interior,
irradia ao tom avermelhado,
misturado com alaranjado.
Só paixão!...

Vejo o quanto é ridículo o passar
passante das pessoas com imensa
pressa... Para que?
Todos perfilhados como em uma
locomotiva, pressa...pressa...

Quero eleger o dia da inação em
favor dos homens que não pensam:
Só têm contas pra pagar!

Não sou mais convencional real,
sou o mito do sol vermelho-laranja!
Quero ficar nesse êxtase,
me opondo a esse mundo imundo.

Meu corpo todo aquecido...
A vida me convida para ausentar-se...


Autor: Roberto de Araújo

domingo, 1 de agosto de 2010

O TESTAMENTO DOS NOSSOS DIAS



Antes de fechar os olhos
dê-me a graça de enxergar
o céu como uma criança!

Antes de fechar os olhos
dê-me o calor do aperto
de mãos do verdadeiro amigo!

Antes de fechar os olhos
quero todas as mulheres bonitas
lamentando a prestes partida!

Antes de fechar os olhos
quero a glória do meu Clube
mais uma vez campeão!

Antes de fechar os olhos
quero ver a paz irrestrita
entre os homens do planeta!

Antes de fechar os olhos
quero dançar todos os rítimos,
samba, jazz, blues e a valsa vienense!

Antes de fechar os olhos
não quero que tenham pena de mim,
mas que reverenciam todas as baladas da mocidade!

Não quero choro, mas a alegria dos amigos
de terna lembrança e esperança eterna
dos campos lindos, que aprendemos a liberdade!

Não quero flores rochas mas verde-rosa da
Mangueira com mulatas sambando o batuque
quente que põe a gente tão Brasil!

Não quero cafezinho, quero alcool
do cuba libre e a melodia mais sensual,
a mão quente do amor!

Quero todos os bichinhos de estimação
acarinhando-me da forma mais amorosa,
não quero a viagem sozinho!

Quero a vitória de todo o passado,
não quero a derrota de lágrimas
que derramam ou contidas...Para que?

Oh natureza me deixe confundir
com o seu essencial humus,
de ti não sei me separar!

Antes de fechar os olhos
sintam cada um o porquê do mundo e a marcação
do surdo não vai deixar meu coração de luto!

Por fim não quero meu corpo esquartejado
como o de Oswald de Andrade em cada parte da cidade,
quero a unipresença do estar entre amigos!

Que a poesia cambaleante não morra,
corações apaxonados tragam-lhe o vigor.
Espero que uma flor nasça e floreça o amor!


Autor: Roberto de Araújo